O voto através da urna
eletrônica foi implantado no Brasil em 1996 e, segundo critérios estabelecidos
pelo Tribunal Superior Eleitoral, apenas os municípios com mais de 200 mil
eleitores utilizaram-se dela. Em 1998 os municípios com mais de 40.500 eleitores
também passaram a utilizar a urna eletrônica no processo eleitoral. Finalmente,
no ano 2000, todo o território brasileiro teve suas eleições informatizadas.
Atualmente diversos outros países estão utilizando a tecnologia brasileira e
informatizando suas eleições.
O uso das urnas de
eletrônicas gera um ganho ambiental considerável. De acordo com o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), desde a implantação do sistema eletrônico de votação,
em 1996, até a eleição realizada em 2006, 820,8 milhões de cidadãos votaram por
meio desse sistema, o que ajudou a preservar 18.720 árvores ou uma floresta de
112 mil metros quadrados.
O uso das urnas
eletrônicas durante esses últimos anos também economizou 505,44 milhões de
litros de água que eram utilizados na produção do papel das cédulas, volume
esse suficiente para abastecer uma cidade de 100 mil habitantes durante um mês.
Nas
eleições de 2008 foram economizados 148,2 mil quilos de papel, poupando 2.965
árvores.
A
urna eletrônica detém uma série de vantagens. A principal delas, sem dúvida, é
impedir fraudes. Seguem abaixo algumas vantagens em utilizar a urna eletrônica.
·
Os partidos concorrentes
ao pleito recebem, previamente, os programas de computador que serão
utilizados, podendo, inclusive, constituir sistema próprio de fiscalização,
apuração e totalização dos resultados. Outra grande vantagem é a rapidez
na apuração. 95% dos votos de 126 milhões de eleitores são apurados até a meia
noite do dia do pleito.
·
Os fiscais e delegados
de partidos podem acompanhar o procedimento de geração do flash card de carga e
do flash card de votação.
·
Às 7h30min do dia da
eleição, o presidente da mesa receptora de votos emite a "zerézima"
na presença dos fiscais de partidos políticos, que é um documento impresso pela
urna contendo a relação de todos os concorrentes ao pleito e com zero votos
para cada um, provando que não há qualquer voto registrado naquela urna.
·
O sistema eletrônico
impede que o eleitor vote mais de uma vez, pois o número do título é bloqueado
após a primeira votação.
·
Com o voto eletrônico
acaba a subjetividade para identificar a vontade do eleitor. No processo manual
são as juntas apuradoras que interpretam votos que não estão claros.
·
Ao encerrar-se a
votação, cada urna expede o seu boletim de urna (BU) com todos os votos já
apurados, ou seja, o resultado da eleição naquela urna é imediato.
·
O eleitor pode
conferir, também pela foto, o candidato em que vota.
·
Para quem está fora do
seu domicílio eleitoral no dia da eleição, basta apresentar o Requerimento de
Justificativa Eleitoral em qualquer local de votação (no mesmo horário da
votação) e a ausência é justificada, na própria urna eletrônica, pelo mesário.
·
Em cada tecla da urna,
o eleitor encontrará a gravação do respectivo número em código internacional
braile. O deficiente visual que não lê em braile poderá votar guiando-se pelo
número 5, central, ressaltado no teclado através de uma pequena barra, logo abaixo
do número, na própria tecla.
Segundo
estudiosos da história das eleições no Brasil, a adoção do equipamento gerou um
importante impacto na diminuição dos índices de votos nulos no país. Jairo
Nicolau, pesquisador do Iuperj, aponta a combinação de altos índices de
analfabetismo funcional com uma cédula de votação complexa como uma das
responsáveis por números elevados de votos nulos em eleições anteriores à urna
eletrônica. Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, após a eleição de
1998, o professor destacou que "se produziu, sem muito esforço, uma
revolução política no país: milhões de eleitores passaram a ter suas
preferências realmente contabilizadas pelo sistema representativo. Não dá ainda
para dizer com precisão a magnitude desta revolução, mas o número pode chegar
facilmente a 10 milhões de eleitores. Parece pouco, mas aí cabem, somados, os
eleitores que foram às urnas nas últimas eleições em Portugal, na Nova Zelândia
e na Finlândia”.
Neste
mesmo sentido, o professor da Universidade de Brasília, David Fleischer,
destacou, em artigo em que comparava resultados das eleições municipais
brasileiras de 1982 a 2000, as mudanças ocorridas nos índices de votos nulos:
“As diferenças significativas estão nas duas eleições para vereador. Comparado
com o pleito de 1996, em 2000 a proporção de votos válidos aumentou de 86,49%
para 93,91%, enquanto os votos em branco e nulos diminuíram de 13,51% para
6,09%. Sem dúvida, este fenômeno se deve em grande parte a à utilização da urna
eletrônica em todo o Brasil em 2000, enquanto esta técnica foi experimentada em
apenas 51 das maiores cidades em 1996.
Mas será que esse
equipamento apresenta apenas vantagens???
Desde a sua criação,
diversos críticos tem contestado a urna eletrônica.
O debate sobre a
confiabilidade das urnas eletrônicas continua acirrado nos Estados Unidos, o
que parece inibir uma eleição eletrônica naquele país. De um lado, cientistas e
acadêmicos da área de computação apontando a vulnerabilidade das urnas
eletrônicas e, de outro, o poderio da indústria de software defendendo seus
interesses. No Brasil, parte da comunidade científica até que tentou
levar o assunto ao debate público, mas a tentativa foi fracassada, uma vez que
tanto o Congresso Nacional como a Justiça Eleitoral enterraram as tentativas de
se debater o assunto, que visavam eliminar os riscos de fraudes. Neste sentido,
as tentativas de tornar o voto eletrônico mais seguro, através de mecanismos de
impressão, permitindo a de recontagem, foram eliminadas.
Quanto a segurança, já ocorreram vários testes livres e independentes
bem sucedidos de invasão em urnas eletrônicas, como nos EUA, Paraguai,
Holanda e Índia.
Entre
03 e 8 de agosto de 2009, a Comissão Eleitoral da Índia promoveu um teste
controlado de invasão, isto é, um teste não-livre e sob regras restritivas, que
resultaram em insucesso do teste.
Copiando
o modelo indiano, o TSE promoveu também um teste controlado de invasão entre 10
e 13 de novembro de 2009, onde impôs uma série de restrições do que os hackers
poderiam fazer, ignorando um cenário real onde um hacker pode agir
utilizando engenharia social e modificação do hardware. Na
ocasião, alguns hackers afirmaram que "o TSE manipula as regras do
jogo, limitando os softwares que eles podem usar na tentativa de violar as
urnas". O TSE, por sua vez, afirmou que "não pretende
cercear nenhum investigador".
Em resposta a
convites do TSE, nove equipes de possíveis hackers com um total de 38
especialistas foram inscritos, na sua maioria funcionários públicos dos
quais apenas 20 compareceram, e tentaram quebrar os mecanismos de segurança das
urnas eletrônicas. O teste foi realizado em Brasília, tendo ocorrido um caso de
sucesso parcial e de nenhum sucesso.
Ao
final do quarto dia de tentativas, o jornal O Globo publicou manchete
afirmando que "Após testes no TSE, hackers dizem que urna
eletrônica é totalmente segura".
Outro
grande problema do voto eletrônico é seu custo, que é considerado muito elevado em relação ao
voto tradicional. Para as eleições de 2010, foram encomendadas aproximadamente
165 mil urnas. Cada uma custa em torno de 1200 reais, com uma vida útil
de apenas 10 anos. O TSE afirma que os equipamentos são
trocados durante esse curto período apenas por prevenção de problemas diversos.
Recentemente, um
representante do governo canadense foi indagado sobre a possibilidade de uma
eleição eletrônica naquele país. A resposta dada foi a de que, primeiramente,
seria necessário avaliar seus custos. Em seguida foi afirmado que, por questões
culturais, possivelmente o povo canadense não aceitasse votar eletronicamente.
Muitos acham que os
gastos em tecnologia da informação para as eleições eletrônicas no Brasil estão
acontecendo sem que se tenha uma explicação adequada. A sensibilidade da
Justiça Eleitoral tanto com as questões de segurança quanto com os custos do
voto eletrônico precisa ser bem evidenciada, sobretudo diante das precárias
condições sociais da nossa população.
E você, eleitor, o que
acha????
Créditos: Wikipédia/HowStuffWorks?/Espaço Ciab 2010/José Rodrigues FIlho
massa
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