Total de visualizações de página

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Horário de Verão em detalhes


Neste ano, o horário de verão começará no dia 21 de outubro de 2012, que corresponde ao terceiro domingo de mês de outubro e terminará no dia 17 de fevereiro de 2013.
Benjamin Franklin
O horário de verão foi cogitado pela primeira vez em 1784, por Benjamin Franklin, um dos homens mais influentes da história política e científica dos Estados Unidos. Partindo da observação de que, durante parte do ano, nos meses de verão, o sol nascia antes que a maioria das pessoas se levantasse, ele concluiu que, se os relógios fossem adiantados, a luz do dia poderia ser mais bem aproveitada.
Willian Willett

A idéia, na época, não chegou a sair do papel. Em 1907, na Inglaterra, um construtor chamado William Willett, membro da Sociedade Astronômica Real, deu início a uma campanha que propunha alterar os relógios no verão para reduzir o que classificava de "desperdício de luz diurna". Willett morreu em 1915, um ano antes de a Alemanha adotar sua tese e se tornar o primeiro país no mundo a implantar o horário de verão.

Já no Brasil, a história do horário de verão teve início na década de 30, pelas mãos do então presidente Getúlio Vargas: sua versão de estréia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. Depois de 18 anos sem sua instituição, o horário de verão foi novamente adotado devido à queda do nível de água nos reservatórios das hidrelétricas, por volta de 1985/86. Após esse período, o horário de verão passou a ocorrer em todos os anos.


Desde 1985 o horário de verão é implantado na segunda quinzena de outubro. Em 2006, porém, ele foi adiado por três semanas, por causa do segundo turno das eleições, tendo início no dia 5 de novembro. O medo era que o horário de verão pudesse provocar problemas no sistema de funcionamento das urnas eletrônicas. Então, em 2008, um decreto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez com que o horário de verão se iniciasse no terceiro domingo de outubro e fosse até o terceiro domingo de fevereiro, e é assim até hoje.

O objetivo do horário de verão, como propôs Franklin, é aproveitar os dias mais longos do verão, com mais tempo de luz solar, para economizar energia.
Moradores de estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, além de Distrito Federal, terão que adiantar uma hora nos relógios.

Para que suas vantagens sejam percebidas, é necessário conhecer um pouco do funcionamento do setor elétrico. Entre o final da tarde e o início da noite, encontra-se o período do dia em que mais se consome energia elétrica. Neste momento é que o sistema atinge o seu pico de carga coincidente, ou seja, todos aumentam o consumo de energia no mesmo momento. Por isso essa flutuação é acompanhada pelas autoridades do setor, no caso, o Operador Nacional do Sistema (ONS), para afastar qualquer ameaça de desabastecimento aos brasileiros.
Nesse período de demanda mais acentuada entra em funcionamento o serviço de iluminação pública nas cidades, o acionamento de placas e luminosos comerciais, aumenta-se o consumo nas residências pela maior utilização dos chuveiros, somando-se a isso, a entrada de aparelhos como ar condicionado, climatizadores, e o maior acionamento de geladeiras e freezers. Ao se deslocar o horário oficial em uma hora, dilui-se a entrada desses equipamentos ao mesmo tempo. A iluminação pública, por exemplo, começa a funcionar após as 19h, no sentido inverso das atividades industriais. Com dias mais quentes, propícios a passeios e atividades físicas ao ar livre, as pessoas retardam a utilização do chuveiro, pulverizando o uso desse equipamento, que apresenta alto consumo de energia. Essas são as principais razões para a adoção do horário de verão pelo Brasil, seguindo passos de muitos outros países, principalmente na Europa e na América do Norte.

Na última edição do horário brasileiro de verão, dados reunidos pela ONS apontaram para uma redução da demanda no horário de pico da ordem de 2.555 MW - 1.840 MW no Sudeste e Centro-Oeste, 610 MW no Sul e 105 MW no Nordeste - neste ano, o Estado da Bahia passou a adotar o horário alternativo. A redução representa 4,6% da demanda máxima dos três subsistemas.
Ainda conforme o órgão regulador, a redução de energia foi de 0,5% em todos os subsistemas envolvidos, o que equivale a 8% do consumo mensal da cidade do Rio de Janeiro ou 10% do consumo mensal de Curitiba e 0,5% do consumo mensal de Feira de Santana (BA). No caso de São Paulo, houve redução de demanda de 4,5% no horário de pico - resultando em economia de 985 MW, a maior do País.  Isso representa R$ 160 milhões ao país, o que gera uma tarifa mais barata, com a diminuição nos custos da operação do sistema.
Em determinadas cidades do país o horário de verão também traz a vantagem da segurança, pois voltar para casa mais cedo pode ser mais seguro em muitos lugares, infelizmente.

Mas o Horário de Verão não traz apenas benefícios.

Nos estados brasileiros onde não vigora o horário de verão, os impactos que as pessoas sentem são na programação das emissoras de televisão e nas agências bancárias, onde o horário de funcionamento em muitos locais é antecipado em uma hora, para compatibilizar com o horário de Brasília. No entanto, algumas afiliadas ou emissoras próprias das redes de televisões (localizadas no Norte, Noroeste, Nordeste e Oeste), geralmente afiliadas às grandes Redes SBT, Record e Band, preferem atrasar a programação nacional em uma hora para garantir a programação local no horário normal. Porém, as emissoras são obrigadas a exibir as atrações classificadas para maiores de 12 e 14 anos em relação do horário de Brasília, como no caso da Rede Globo entre 2009 a 2010.

A mudança de horário impacta os sistemas críticos de informática em uso nas empresas. Alguns destes sistemas precisam ser desligados e religados para que a atualização de horário não provoque problemas internos nos programas e nem efeitos indesejáveis. O mesmo acontece para a volta ao horário normal.

Outro problema sério é o término dos seguros, causando confusão por ocasião da reposição dos danos ou prejuízos. Os operários também são prejudicados. Se por um lado, a mudança de madrugada incomoda menos as pessoas, por outro lado ela atinge economicamente um grupo de pessoas que trabalha durante a noite. Ao adiantar o relógio, o operário noturno vai trabalhar uma hora menos; ao contrário, ao atrasar o relógio ele irá trabalhar uma hora a mais em sua jornada de trabalho noturno. Se for um mesmo trabalhador as horas serão compensadas, mas no caso de serem diferentes um vai levar vantagem e o outro não.

O sistema atualmente em vigor provoca dois grandes principais inconvenientes. O primeiro é a cronorruptura (isto é, o fluir do tempo é perturbado duas vezes por ano), provoca perturbações no sono, no apetite, na capacidade de trabalho, no humor, especialmente, na primavera; afeta, sobretudo as pessoas idosas, doentes e crianças. Na França, em uma pesquisa realizada pelo Senado, 19% dos médicos constataram um aumento sensível no consumo de medicamento e de tranquilizantes; a obrigação de regular a hora em numerosos equipamentos de informática, eletrodomésticos, audiovisuais, sistemas de alarme etc; problemas de adaptação observados nos hospitais, nas escolas e nas casas de repousos das pessoas idosas.

O segundo grande inconveniente e alguns dos efeitos da decalagem de uma hora sobre a hora solar: uma hora de atraso do pôr do sol causa uma persistência da claridade e do calor; a jornada de trabalho inicia e termina mais cedo nos setores de construção, e as pausas ou intervalos para as refeições ocorrem no período de calor mais intenso – o retorno ao trabalho às 13h corresponde ao meio-dia solar; no domínio agrícola as reclamações são mais intensas, pois o avanço no horário de verão impede o início dos trabalhos agrícolas mais cedo pela manhã, quando o sol é muito mais fraco, em consequência o trabalho é efetuado no momento mais quente do dia e se prolonga até o pôr do sol; sobre o ponto de vista ambiental, o auge da circulação coincide com as horas mais quentes aumentando as concentrações de ozônio e oxidação; os acidentes de circulação, evitados ao anoitecer graças às horas suplementares de claridade, serão compensados por aqueles que ocorrerão durante a obscuridade matinal e para os países frios pela presença do gelo nas estradas (verglas); as atividades culturais ocorridas nos interiores dos prédios (cinema, biblioteca, teatro etc) sofrem uma baixa de frequência. Realmente, embora o avanço da hora permita a prática de diversões durante mais tempo ao anoitecer ao ar livre, por outro lado ela provoca uma menor frequência às diversões que ocorrem em recintos fechados.

As atividades turísticas ao ar livre aproveitam a vantagem de claridade suplementar, enquanto outras são prejudicadas como, por exemplo, os fogos de artifício, os espetáculos de som e luz etc. Por outro lado os restaurantes deverão gerenciar o seu pessoal de modo a assegurar o atendimento de uma clientela mais tardia.

No Japão, o horário de verão foi introduzido depois da Segunda Guerra Mundial pelas tropas de ocupação norte-americanas, mas foi cancelado, em 1952, tendo em vista a oposição dos agricultores. Apesar dos esforços do ministro do Comércio e Indústria internacional para defender a introdução do horário de verão com objetivo de reduzir o consumo de energia, a oposição dos fazendeiros e do ministro da Educação – alegou que a maior quantidade de luz à tarde iria atrair as crianças para as recreações ao ar livre após o término das aulas, afastando-as dos seus trabalhos e deveres de casa – não se adotou a hora de verão, mantendo-se a hora legal sem correção. No Japão a educação é a preocupação nacional acima dos outros problemas.



E você, o que pensa a respeito???


Créditos: R7/Wikipedia/HowStuffWorks/Tec Hoje/CPFL Energia

Nenhum comentário:

Postar um comentário